domingo, 5 de junho de 2011

ANTROPOLOGIA ECOLÓGICA E ESTRUTURALISMO

 Resumo das aulas 7 e 8

Resumos do livro História da Antropologia de Thomas Hylland Eriksen | Finn Sivert Nielsen



Aula 7: O conceito  de adaptação na Antropologia: Ecologia cultural e antropologia ecológica

- Ecologia cultural = Antropologia ecológica
- Interesse na relação entre sociedade e seu ecossistema
- Pode ser considerada outra forma de funcionalismo, onde o ecossistema substitui o todo social como imperativo funcional principal, mas está interessada na evolução cultural

Teóricos:

Leslie White

- Evolucionista (rejeita o relativismo cultural)
- Materialista
- Determinista
- Defendia visão funcionalista de cultura, cuja função era garantir a sobrevivência do grupo
- Acreditava que as sociedades eram estreitamente ligadas com seu entorno ecológico
- O nível de desenvolvimento cultural pode ser medido pela quantidade de energia utilizada por cada habitante

Steward 

- Fundou a ecologia cultural moderna
- Considerava a totalidade de uma sociedade e seu entorno biológico mais ou menos do mesmo modo como um ecologista considera um ecossistema.
- Desenvolveu uma teoria da evolução multilinear (culturas poderiam evoluir por linhas paralelas, mas diferentes)
- Distingue 2 subsistemas culturais:  o núcleo (tecnologia e divisão do trabalho) e o resto
- Sob condições específicas, como agricultura de irrigação em regiões áridas, o núcleo cultural se desenvolveria aproximadamente nos mesmos moldes em diferentes sociedades
- Conseguiu estruturar um evolucionismo que não levava a generalizações especulativas

(I) Marco da ecologia cultural: Pigs for the Ancestors (1967) de Roy Raport

- Estudo de um complexo ritual de guerra e massacre de porcos pelos tsembaga marings (Nova Guiné)
- É uma análise ecológica de inspiração cibernética (estudo de como a informações flui em sistemas complexos)
- Demonstra as estreitas relações existentes entre a adaptação dos tsembagas ao seu entorno e sua visão de mundo

(II) Marco da ecologia cultural: Simpósio “Man, the Hunter” (1966)
- Tratava, na maior parte, de caçadores e coletores modernos
-  A cultura existiria em termos de adaptação ecológica (tendo a caça a forma de subsistência original da humanidade, toda teoria geral da sociedade e da natureza do homem deveria pressupor um conhecimento profundo do modo de vida do caçador)


Aula 8: Simbolismo e significado: Estruturalismo

- O que é o Estruturalismo:

Escola teórica da Antropologia francesa fundada por Lévi-Strauss. Assim como o estrutural-funcionalismo britânico, o estruturalismo é edificado parcialmente a partir do trabalho de Durkheim e Mauss. OBS: Lévi-Strauss também foi inspirado pela teorias de significado da lingüística estrutural e da semiótica (estudo dos fenômenos sociais como sistemas significativos). Há particularmente 2 temas que dominam o pensamento estruturalista: (1) a ênfase no significado e na simbologia, particularmente nos aspectos subconscientes do significado, e (2) a ênfase na troca. Empiricamente, os estruturalistas produziram muitos trabalhos relacionados com o mito e relações de parentesco. Enquanto o estrutural-funcionalismo está focado na estrutura social, os estruturalistas estão concentrados nas estruturas do significado.

- O que são sistemas de parentesco e de mitos

São elementos, mas os elementos não são em si categorias ou objetos delineados, e sim relações. Um sistema de parentesco, por exemplo, é um sistema significativo, e assim consiste em relações, mais do que em posições (status). Ex1: Um pai não é em si mesmo um pai, mas apenas em relação a seus filhos. Ex2: É a troca que dá o presente o significado que ele tem.

No próximo post: aulas 9, 10 e 11 (Hermenêutia, pós-modernismo e sociobiologia)

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Biodiversidade, Fatores bióticos e abióticos, Biomas


 Temas da Prova III de Fauna, Flora e Ambiente (24/05/2011) - Parte II

Conceitos-chave da prova tratados:
- Biodiversidade
- Fatores bióticos e abióticos 
- Biomas

 Resumo comentado do livro Ecology - A bridge between science and society (Odum)!



Biodiversidade ou Diversidade Biológica
Pode ser analisada em 3 (ou mais) dimensões, interrelacionadas:

I) Diversidade genética
Diversidade na composição genética dentre as populações ou no acervo genético de uma determinada espécie. Sua importância é baseada no efeito negativo de afunilamentos genéticos sobre a capacidade adaptativa das populações.

II) Diversidade de espécies
Reconhece-se 2 elementos da diversidade de espécies:

a) Riqueza ou variedade
Pode ser expressa pelo número de unidades taxonômicas (espécie, variedade genética) por unidade de espaço.

a) Abundância relativa
Refere-se à proporção de indivíduos dentre os tipos existentes. Dentre duas comunidades com o mesmo número de espécies, é considerada a mais diversa aquela que possuir os números de indivíduos de cada tipo mais homogêneo (ou seja, não há a existência de uma espécie dominante).

III) Diversidade de ecossistemas ou de paisagens
Refere-se à diversidade de papéis ecológicos (nichos) desempenhados pelos organismos. Para a manutenção da diversidade de um ecossistema é importante manter a redundância (repetição de uma ou mais espécie ou grupos responsáveis por processos ou conexões da teia trófica importantes). Espécies-chave são um grupo funcional sem redundância, portanto, sua retirada do ecossistema causaria grandes mudanças estruturais/funcionais do ecossistema.


Fatores bióticos

As relações ecológicas entre os elementos vivos são fatores bióticos. Ecossistemas têm 2 componentes principais: autótrofos (fixam energia e transformam compostos inorgânicos simples) e heterótrofos (utilizam, rearranjam e degradam a matéria orgânica). Os dois componentes estão interligados por redes de transferência de energia (teia alimentar) e por interações diversas (e. g. competição, mutualismo, predação).

Fatores abióticos

São os fatores físicos que determinam as condições de existência da comunidade biótica. Apontam que tipos de organismos estarão presentes e, indiretamente, como estarão organizados em comunidades e como utilizarão os recursos e energia disponíveis. Ecossistemas tem 2 componentes abióticos principais: o fluxo de energia (unidirecional, determina as interações implícitas nas cadeias tróficas) e o clico de materiais ou ciclos biogeoquímicos (ciclos indefinidos de recursos que circulam entre componentes bióticos e abióticos).

Biomas
São as maiores sub-unidades da biosfera. Possuem diversidade biológica própria (fauna e flora), mas são caracterizados por um determinado tipo de cobertura vegetal (que pode variar morfologicamente). São identificáveis apenas em nível regional, pois a transição entre biomas é gradual, geralmente. É determinado por condições geoclimáticas similares ao longo de sua extensão, principalmente temperatura (devido a gradientes latitudinais e de altitude) e distribuição de precipitação (influenciada pelo movimento das correntes de ar).

sábado, 21 de maio de 2011

Seleção natural , Adaptação, Evolução

Temas da Prova III de Fauna, Flora e Ambiente (24/05/2011) - Parte I

Conceitos-chave da prova tratados: 

- Seleção natural
- Adaptação
- Micro e macroevolução
- Evolução

Mini-resumo comentado do cap. 11 do livro Biologia Vegetal (Raven)!

Darwin

Antes de Lamarck a maioria dos cientistas era fixista. Lamarck foi o primeiro a propor uma teoria da evolução, no entanto, não foi capaz de explicar o processo evolutivo adequadamente. Darwin atribui à seleção natural e à hereditariedade de certas características a causa desse processo.

Seu argumento baseou-se:

- Nas observações dos tentilhões e tartarugas gigante das ilhas Galápagos (e o que motivava a diferença entre eles e a semelhança com as espécies do continente)
- Na análise do trabalho de Thomas Malthus (Malthus dizia que as populações humanas cresciam em progressão geométrica. Darwin observou que o mesmo serviria para populações de outros organismo, no entanto, algumas populações naturais permanecem constantes porque apenas uma parte da descendência sobrevive)
- No ensaio enviado por Wallace sobre o mesmo tema e que chega às mesmas conclusões de Darwin sobre a evolução
- Estudo do geólogo Charles Lyell, no qual a Terra seria mais antiga do que se pensava (na época, acreditava-se que a Terra existia há apenas alguns milhares de anos e a teoria de Darwin dependia de uma grande espaço de tempo geológico para ser verdadeira).

Darwin publica o livro “Sobre a origem das espécies por seleção natural ou a preservação das raças favorecidas na luta pela vida”

No livro, Darwin diz que a seleção natural é o principal motivo pelo qual ocorre evolução. Ele acredita que a evolução é um processo lento e gradual causado pela seleção de indivíduos que conseguem produzir descendentes que concentram características vantajosas nas condições ambientais predominantes.

Evolução

A evolução é a alteração na frequência de alelos no conjunto gênico de uma população, ou seja, o desvio do equilibro de Hardy-Weinberg. Para 2 alelos, o equilibro pode ser descrito pela equação:

p2+2pq+q2=1

Onde p é igual à frequência relativa de homozigotos dominantes, pq a de heterozigotos e q a de homozigotos recessivos.

A Lei de Hardy-Weinberg explica porque alelos recessivos e dominantes coexistem e afirma que a frequência de alelos em uma população é constante de geração para geração em uma população ideal em que há
  1. Ausência de mutações
  2. Isolamento de outras populações
  3. Grande número de indivíduos
  4. Cruzamentos aleatórios
  5. Ausência de pressão seletiva
De acordo com a teoria da evolução moderna, a evolução é causado por 5 agentes:

I)                    Seleção natural
É o principal agente causador da evolução. É necessária para que ocorram diferenciações entre as populações. Seleciona as relações fenótipo-meio mais apropriadas e determina o número de descendentes da próxima geração. É importante notar que o fenótipo geralmente é determinado por interações gênicas (um mesmo fenótipo pode ser determinado por vários genótipos) e pelo meio, sendo assim, a seleção natural não reduz a variabilidade genética na população, ao contrário, é essencial para a sua manutenção.

II)                  Mutações
São mudanças herdáveis no genótipo (podem ocorrer em células somáticas, mas, neste caso, não interessam à genética de populações). Geralmente ocorrem por fatores desencadeantes desconhecidos.

III)                Deriva genética
Mudança no conjunto gênico que ocorre ao acaso. Tem influência predominantemente sobre populações pequenas. Pode ocorrer de 2 formas:

Efeito fundador da deriva genética
Uma população pequena se separa de outra maior. Alguns conjuntos gênicos menos frequentes podem estar super-representados na nova população, ou seja, a composição genotípica das duas populações não é mais a mesma.

Efeito de afunilamento da deriva genética
O número de indivíduos de uma população é reduzido drasticamente. Este evento pode causar a eliminação de alguns alelos ou fazer que outros alelos se tornem proporcionalmente mais frequentes, novamente, a composição genotípica da população (antes e depois do evento) não é mais a mesma.

IV)               Fluxo gênico
Emigração ou imigração de indivíduos ou gametas (no caso de plantas). Seu efeito global é homogeneizar  populações por meio da introdução de alelos não compartilhados (novos alelos) e da alteração da frequência alélica.

V)                 Cruzamento preferencial
O cruzamento preferencial ou endocruzamento diminui a frequência de heterozigotos e pode deslocar o equilíbrio de Hardy-Weinberg. Um exemplo de cruzamento preferencial é a autopolinização, no caso das plantas.

Microevolução 
Mudanças em pequena escala da estrutura genética de uma população (da frequência de alelos). Ocorre de geração para geração.

Macroevolução
Grandes mudanças adaptativas que causam mudanças filética (origem de novas linhagens evolutivas) ou de grupos taxonômicos superiores ao nível de espécie.

Adaptação
É o resultado da seleção natural,ou seja, da interação das populações com os ambientes físico e biológico.

Quanto ao ambiente físico
Pode ser percebida nas variações graduais que uma mesma espécie apresenta ao longo de um gradiente ambiental (estas mudanças graduais são chamadas cline de uma espécie). Se a diferença entre os habitats do cline gerar populações genticamente distintas dentro de uma mesma espécie, cada população é denominada um ecótipo.

Quanto ao ambiente biológico
A adaptação é produto de forças seletivas causadas pelas relações de interação mútua entre organismos (fatores bióticos) que podem levar à coevolução.

Exaptação
Um caráter cuja origem não pode ser referida a ação direta da seleção natural que determina a vantagem adaptativa atual deste estado.

No próximo post:

- Diversidade
- Riqueza
- Fatores bióticos e Abióticos
- Biomas